terça-feira, 9 de agosto de 2011

Família: Igreja Doméstica - "Célula eclesial"

(Texto dividido em 4 partes para melhor compreensão)
E quando é que compreenderemos a realidade da família como Igreja? O princípio da atração e do amor do homem pela mulher e vice-versa brota de um mistério muito grande. Diz S. João Crisóstomo: "Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa. (...). E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte". Por isso, S. Paulo afirma que este mistério é grande e o matrimônio não se reduz a uma parceria de partilha da companhia do outro enquanto parceiro (a), mas brota do mistério da relação entre Cristo e sua Igreja (cf. Ef 5,32).

A família enquanto célula da sociedade é, por desejo de Deus, chamada a ser uma célula eclesial, uma igreja doméstica, uma igreja de casa, uma casa que se torna uma pequena igreja. É assim que a Igreja será uma grande família: se as famílias forem realmente igrejas; igrejas vivas, atuantes, fermentadas pelo amor traduzido em comunhão, celebrando e cultivando a vida, acolhendo o mistério da Trindade-Comunidade para irradiá-lo no testemunho ao mesmo tempo humilde e corajosamente generoso.

A sociedade atual, tão marcada pelo individualismo, pelo utilitarismo, pelo materialismo, pelo hedonismo, pela perda do sentido dos valores morais, pelo medo e pela relativização dos compromissos definitivos, pelo neo-paganismo tem deixado seus efeitos nefastos e corrosivos na realidade familiar. Os jovens se encontram diante de uma variedade de propostas de modelos contrastantes. O pluralismo não permite um quadro unitário de valores. Porém, não será impossível à graça divina fazer acontecer este milagre da comunhão e do amor à serviço da vida.

Jesus crescia sob os olhares atentos e amorosos de José e de Maria "em sabedoria, estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens" (Lc 1,52). E isso na simplicidade impressionante e aparentemente sem valor da realidade monótona e obscura de Nazaré. Também hoje, estes reflexos luminosos e transfiguradores do mistério do Verbo eterno na sua vida oculta precisa acontecer nas crianças e nos jovens. E para assisti-los, o Senhor quer encontrar continuadores nos homens e mulheres de boa vontade, assim como Ele encontrou Maria e José. A igreja doméstica, apesar de tudo e de todos, continuará sendo uma resposta do Deus Trindade para um problema: "não é bom que o homem esteja só" (Gn 2,18). 

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