Santo Tomás afirma também que a Mãe de Deus era
superior aos anjos, quanto à dignidade a que havia sido eleita por obra
de Deus, embora, quanto ao estado da vida presente, fosse inferior. O
que, guardadas as devidas proporções, se pode dizer também de São José.
Pode-se ir mais longe: Como diz o Apóstolo: “A cada um de nós foi dada a graça na medida do dom de Cristo” (Ef
4, 7). Só Cristo Nosso Senhor teve a plenitude absoluta da graça,
quanto à sua essência e quanto a todos os seus efeitos, que são as
virtudes e dons, pela união estreitíssima de sua alma com a divindade, e
por recebê-la também para comunicá-la como cabeça dos demais. A Virgem
Maria teve a plenitude relativa, que correspondia à sua excelsa missão
de Mãe de Deus, plenitude essa que é incomparavelmente superior à que
podem obter todos os demais santos, e também mais excelente do que
aquela a que pode chegar uma pura criatura, porque tal é a excelência da
maternidade divina.
A plenitude relativa de
graça, a que chegam os santos, equivale ao que os teólogos chamam de
confirmação em graça ou confirmação no bem. Quer dizer, certa
impecabilidade, que se dá mediante um grande aumento da caridade. A esta
se soma uma proteção especial de Deus, que afasta as ocasiões de pecado
e fortalece a alma quando necessário, de modo a preservá-la do pecado
mortal e até de pecado venial deliberado.
Santo
Tomás afirma que a Santíssima Virgem foi confirmada no bem em todo o
decurso de sua vida, sem haver incorrido em contaminação alguma. E isso
lhe competia por ser mãe da Sabedoria divina. Pelo que se pode afirmar
que era também de todo conveniente que São José, pela sua íntima relação
com a mesma Sabedoria divina e com a Mãe do Verbo Encarnado, fosse
confirmado em graça, pelo menos a partir do momento de suas bodas com a
Virgem Santíssima.
O que leva um teólogo a acrescentar que "a
Virgem Maria, como ‘cheia de graça’, esteve adornada de todas as
virtudes, possuindo-as no grau mais perfeito de que seja capaz uma
criatura. Como dizem muitos autores, até as virtudes naturais, que se
adquirem pelo exercício, devia tê-las infundidas por Deus, como
perfeições apropriadas à sua natureza imaculada [...]. São José não se
pode comparar exatamente com a Virgem, mas sempre é ele que está mais
intimamente unido a ela, e por ela a Jesus. Por isso também está acorde
com as exigências de sua santidade, e de sua divina preparação para tão
alto ministério, a infusão das mesmas virtudes naturais, que sem dúvida
obteve em muito alto grau”.
Por isso,
pode-se afirmar que o ministério de São José sobrepuja mesmo o de São
João Batista, porque toca na ordem hipostática, enquanto que o do
Precursor só toca na ordem da graça, como diz Cornélio a Lápide: “É mais ser pai e reitor de Cristo que seu pregoeiro e precursor”. Pelo que se pode mesmo afirmar que o ministério de São José excede também ao dos Apóstolos pelo mesmo motivo.
Desse modo, não seria ousado afirmar que, sendo assim a santidade de
São José a maior depois da Virgem, o mesmo se pode dizer de sua glória
no Céu.
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