quarta-feira, 6 de julho de 2011

São José, confirmado em graça

Santo Tomás afirma também que a Mãe de Deus era superior aos anjos, quanto à dignidade a que havia sido eleita por obra de Deus, embora, quanto ao estado da vida presente, fosse inferior. O que, guardadas as devidas proporções, se pode dizer também de São José.
Pode-se ir mais longe: Como diz o Apóstolo: “A cada um de nós foi dada a graça na medida do dom de Cristo” (Ef 4, 7). Só Cristo Nosso Senhor teve a plenitude absoluta da graça, quanto à sua essência e quanto a todos os seus efeitos, que são as virtudes e dons, pela união estreitíssima de sua alma com a divindade, e por recebê-la também para comunicá-la como cabeça dos demais. A Virgem Maria teve a plenitude relativa, que correspondia à sua excelsa missão de Mãe de Deus, plenitude essa que é incomparavelmente superior à que podem obter todos os demais santos, e também mais excelente do que aquela a que pode chegar uma pura criatura, porque tal é a excelência da maternidade divina.
A plenitude relativa de graça, a que chegam os santos, equivale ao que os teólogos chamam de confirmação em graça ou confirmação no bem. Quer dizer, certa impecabilidade, que se dá mediante um grande aumento da caridade. A esta se soma uma proteção especial de Deus, que afasta as ocasiões de pecado e fortalece a alma quando necessário, de modo a preservá-la do pecado mortal e até de pecado venial deliberado.
Santo Tomás afirma que a Santíssima Virgem foi confirmada no bem em todo o decurso de sua vida, sem haver incorrido em contaminação alguma. E isso lhe competia por ser mãe da Sabedoria divina. Pelo que se pode afirmar que era também de todo conveniente que São José, pela sua íntima relação com a mesma Sabedoria divina e com a Mãe do Verbo Encarnado, fosse confirmado em graça, pelo menos a partir do momento de suas bodas com a Virgem Santíssima.
O que leva um teólogo a acrescentar que "a Virgem Maria, como ‘cheia de graça’, esteve adornada de todas as virtudes, possuindo-as no grau mais perfeito de que seja capaz uma criatura. Como dizem muitos autores, até as virtudes naturais, que se adquirem pelo exercício, devia tê-las infundidas por Deus, como perfeições apropriadas à sua natureza imaculada [...]. São José não se pode comparar exatamente com a Virgem, mas sempre é ele que está mais intimamente unido a ela, e por ela a Jesus. Por isso também está acorde com as exigências de sua santidade, e de sua divina preparação para tão alto ministério, a infusão das mesmas virtudes naturais, que sem dúvida obteve em muito alto grau”.
Por isso, pode-se afirmar que o ministério de São José sobrepuja mesmo o de São João Batista, porque toca na ordem hipostática, enquanto que o do Precursor só toca na ordem da graça, como diz Cornélio a Lápide: “É mais ser pai e reitor de Cristo que seu pregoeiro e precursor”. Pelo que se pode mesmo afirmar que o ministério de São José excede também ao dos Apóstolos pelo mesmo motivo.
Desse modo, não seria ousado afirmar que, sendo assim a santidade de São José a maior depois da Virgem, o mesmo se pode dizer de sua glória no Céu.

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E-mail do autor: pmsolimeo@catolicismo.com.br

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