Em fevereiro de 1989, tive oportunidade de visitar Ravena com seus
célebres mosaicos. Anteriormente, havia recebido de André Frossard a sua
obra L'evangile selon Ravenne, na qual ele diz: "A arte está em
Florença; o sonho, em Veneza; a glória, em Roma. Em seus flancos de
argila, a água pura da contemplação está em Ravena" (pág. 9).
Entre duas reuniões, naquele ano, em Roma, houve um intervalo e aproveitei-o, motivado pelo livro do conhecido escritor francês.
Em dado momento, o sacerdote a quem o Arcebispo confiou a missão de explicar a extraordinária riqueza dos monumentos, despertou minha atenção para o fato de Cristo, repetidamente estar representado na cruz como vencedor. Em vez de derrotado pela morte infamante, que era a crucifixão, o artista nos faz contemplá-lo vitorioso! A glória da Ressurreição é vislumbrada nas feições de Jesus, no alto do Gólgota. Aliás, diz Frossard no seu citado livro: "Em todas as imagens desse resumo da Paixão, o Cristo, sempre revestido de Seu manto de púrpura..." (pág. 56).
Essa concepção reproduzida nos famosos mosaicos vindos do Oriente, sugere, durante a festa da Páscoa, que o Redentor, aparentemente vencido, sempre derrotará seus opositores. Tamanha certeza é de grande importância na vida de cada cristão que luta para viver sua fé, seguindo sempre a trajetória da Igreja, através dos séculos. Houve momentos no decorrer da História, em que parecia se repetir o drama da condenação e da morte do Salvador. Constituindo a Comunidade Cristã, Corpo Místico de Cristo, torna-se também bastante compreensível a sua participação nos sofrimentos do Senhor.
Em certas épocas, o mal pareceu vencer definitivamente, ora pelas falhas internas, ora pelos ataques vindos de fora. Em um e outro caso, era o pecado que dominava. Contudo, ao Gólgota, quando se poderia concluir ser um fracasso todo o esforço imenso para salvar a humanidade, se seguiu o Domingo da Ressurreição!
Assim, também ocorre em nossos dias, com a Igreja de Jesus. É essa garantia de sobrevivência no tempo, que acompanha seus passos, sempre superando os opositores que acreditavam ter sepultado para sempre sua doutrina que os incomodava. Isto é de grande importância também em nossos dias.
O Domingo da Ressurreição e, em decorrência, todo o tempo pascal, constituem o fundamento de uma certeza que é a base de toda a vida cristã. Já São Paulo dizia: "Se Cristo não ressuscitou, vã é a vossa fé" (1Cor 15,14).
Neste tempo, agitado por tantas mudanças e alterações inesperadas, há, em meio à tempestade, total segurança à barca de Pedro na qual nos encontramos. O próprio Mestre, no intervalo entre a Morte e a Ascensão, adverte seus discípulos sobre as dificuldades que irão enfrentar, dando continuidade ao que foi começado por Jesus. Já, então eles provaram o amargor do fracasso: "Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam" (Jo 21,3). E também experimentaram o sucesso na pregação do Reino de Deus: "Disse-lhes (Jesus): Lançai a rede à direita do barco e achareis. Lançaram, então, e não tinham mais forças para puxá-la por causa da quantidade de peixes" (Jo 21,6).
Vê-se, assim, a garantia de que não andaremos por caminho errado ao confiar a Pedro a direção de sua obra: "Apascenta os meus cordeiros (...) apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). É a segurança divina que se empenha pela sobrevivência do rebanho, até o final dos tempos.
Apliquemos à nossa realidade esse ensinamento evangélico. Numa cidade onde impera a violência, é impossível impedir que o inocente seja vilipendiado e morto. E esse drama acontece entre nós, com os crimes contra a vida do corpo e da alma. Vemos, dia-a-dia, aumentar o número de assassinatos, de assaltos, o comércio das drogas, a imoralidade, o agravo às coisas sagradas.
No mundo inteiro, recordo, especialmente entre certos intelectuais, houve revolta contra o aiatolá Khomeini, pelo modo como reagiu contra o escritor Salman Rushdie em razão da obra Versos satânicos. Entretanto, poucos reconheceram que também é condenável a atitude de irreverência e ultraje à crença dos muçulmanos. O estímulo ao assassinato do autor daquela obra mereceu firme oposição de todas as pessoas de bem, mas que também deveriam ter reprovado a ofensa a determinados símbolos sagrados de qualquer religião. Tal incoerência também ocorre aqui, no Brasil, sob outros títulos.
A decomposição moral passa do indivíduo à sociedade. A divulgação de tantos escândalos na vida pública, os funcionários fantasmas, o nepotismo, a busca, a qualquer preço, de favores materiais atestam o grau de degenerescência a que chegamos.
Naturalmente, o pessimismo apodera-se da maioria, com suas conseqüências. O mais elementar bom senso indica que, entre nós, o remédio verdadeiro se impõe. Ouçamos o Senhor neste fim da Quaresma: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). A conversão deve ser ampla e radical, atingindo cada indivíduo para que a sociedade se transforme e surja um novo mundo mais humano e mais cristão. Cristo ressuscitou!
São Paulo nos diz, em muitas mensagens, que a vitória de Cristo sobre a morte é manifestação do "poder de Deus" (Rm 1,4). Diante das mais variadas manifestações conseqüência do pecado, conservamos a certeza de poder superar o mal. Com humildade e paciência, conseguiremos o perdão que a Igreja propicia a quem se arrepende. Ela continua a ensinar sua doutrina, antepondo-se ao ambiente malsão que nos envolve. Sua trajetória vai muito além, assegurando nova alegria em vista da força espiritual que procede do Cristo ressuscitado!
O Domingo de Páscoa aponta novos rumos aos seus fiéis e a todos os homens. Ressurgindo do túmulo, Cristo leva consigo a humanidade. Deixando para trás o opróbrio, cantemos com júbilo essa vitória, na certeza de melhores dias.
Entre duas reuniões, naquele ano, em Roma, houve um intervalo e aproveitei-o, motivado pelo livro do conhecido escritor francês.
Em dado momento, o sacerdote a quem o Arcebispo confiou a missão de explicar a extraordinária riqueza dos monumentos, despertou minha atenção para o fato de Cristo, repetidamente estar representado na cruz como vencedor. Em vez de derrotado pela morte infamante, que era a crucifixão, o artista nos faz contemplá-lo vitorioso! A glória da Ressurreição é vislumbrada nas feições de Jesus, no alto do Gólgota. Aliás, diz Frossard no seu citado livro: "Em todas as imagens desse resumo da Paixão, o Cristo, sempre revestido de Seu manto de púrpura..." (pág. 56).
Essa concepção reproduzida nos famosos mosaicos vindos do Oriente, sugere, durante a festa da Páscoa, que o Redentor, aparentemente vencido, sempre derrotará seus opositores. Tamanha certeza é de grande importância na vida de cada cristão que luta para viver sua fé, seguindo sempre a trajetória da Igreja, através dos séculos. Houve momentos no decorrer da História, em que parecia se repetir o drama da condenação e da morte do Salvador. Constituindo a Comunidade Cristã, Corpo Místico de Cristo, torna-se também bastante compreensível a sua participação nos sofrimentos do Senhor.
Em certas épocas, o mal pareceu vencer definitivamente, ora pelas falhas internas, ora pelos ataques vindos de fora. Em um e outro caso, era o pecado que dominava. Contudo, ao Gólgota, quando se poderia concluir ser um fracasso todo o esforço imenso para salvar a humanidade, se seguiu o Domingo da Ressurreição!
Assim, também ocorre em nossos dias, com a Igreja de Jesus. É essa garantia de sobrevivência no tempo, que acompanha seus passos, sempre superando os opositores que acreditavam ter sepultado para sempre sua doutrina que os incomodava. Isto é de grande importância também em nossos dias.
O Domingo da Ressurreição e, em decorrência, todo o tempo pascal, constituem o fundamento de uma certeza que é a base de toda a vida cristã. Já São Paulo dizia: "Se Cristo não ressuscitou, vã é a vossa fé" (1Cor 15,14).
Neste tempo, agitado por tantas mudanças e alterações inesperadas, há, em meio à tempestade, total segurança à barca de Pedro na qual nos encontramos. O próprio Mestre, no intervalo entre a Morte e a Ascensão, adverte seus discípulos sobre as dificuldades que irão enfrentar, dando continuidade ao que foi começado por Jesus. Já, então eles provaram o amargor do fracasso: "Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam" (Jo 21,3). E também experimentaram o sucesso na pregação do Reino de Deus: "Disse-lhes (Jesus): Lançai a rede à direita do barco e achareis. Lançaram, então, e não tinham mais forças para puxá-la por causa da quantidade de peixes" (Jo 21,6).
Vê-se, assim, a garantia de que não andaremos por caminho errado ao confiar a Pedro a direção de sua obra: "Apascenta os meus cordeiros (...) apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). É a segurança divina que se empenha pela sobrevivência do rebanho, até o final dos tempos.
Apliquemos à nossa realidade esse ensinamento evangélico. Numa cidade onde impera a violência, é impossível impedir que o inocente seja vilipendiado e morto. E esse drama acontece entre nós, com os crimes contra a vida do corpo e da alma. Vemos, dia-a-dia, aumentar o número de assassinatos, de assaltos, o comércio das drogas, a imoralidade, o agravo às coisas sagradas.
No mundo inteiro, recordo, especialmente entre certos intelectuais, houve revolta contra o aiatolá Khomeini, pelo modo como reagiu contra o escritor Salman Rushdie em razão da obra Versos satânicos. Entretanto, poucos reconheceram que também é condenável a atitude de irreverência e ultraje à crença dos muçulmanos. O estímulo ao assassinato do autor daquela obra mereceu firme oposição de todas as pessoas de bem, mas que também deveriam ter reprovado a ofensa a determinados símbolos sagrados de qualquer religião. Tal incoerência também ocorre aqui, no Brasil, sob outros títulos.
A decomposição moral passa do indivíduo à sociedade. A divulgação de tantos escândalos na vida pública, os funcionários fantasmas, o nepotismo, a busca, a qualquer preço, de favores materiais atestam o grau de degenerescência a que chegamos.
Naturalmente, o pessimismo apodera-se da maioria, com suas conseqüências. O mais elementar bom senso indica que, entre nós, o remédio verdadeiro se impõe. Ouçamos o Senhor neste fim da Quaresma: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). A conversão deve ser ampla e radical, atingindo cada indivíduo para que a sociedade se transforme e surja um novo mundo mais humano e mais cristão. Cristo ressuscitou!
São Paulo nos diz, em muitas mensagens, que a vitória de Cristo sobre a morte é manifestação do "poder de Deus" (Rm 1,4). Diante das mais variadas manifestações conseqüência do pecado, conservamos a certeza de poder superar o mal. Com humildade e paciência, conseguiremos o perdão que a Igreja propicia a quem se arrepende. Ela continua a ensinar sua doutrina, antepondo-se ao ambiente malsão que nos envolve. Sua trajetória vai muito além, assegurando nova alegria em vista da força espiritual que procede do Cristo ressuscitado!
O Domingo de Páscoa aponta novos rumos aos seus fiéis e a todos os homens. Ressurgindo do túmulo, Cristo leva consigo a humanidade. Deixando para trás o opróbrio, cantemos com júbilo essa vitória, na certeza de melhores dias.
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