sexta-feira, 30 de março de 2012

Tempo de Graça




Dom Eugenio de Araujo Sales
Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

 






       Neste domingo iniciaremos com o Domingo de Ramos a grande semana da Quaresma, a Semana Santa. Ela encerra um período que nos ajuda a entender a grandeza da Redenção alcançada pela Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Nesse dia somos convidados a contribuir, nas missas, com a coleta anual da Campanha da Fraternidade.

A Quaresma, segundo o Santo Padre Bento XVI na sua Mensagem anual para este período, é um caminho que conduz à Páscoa. Nele somos chamados a uma “transformação pela ação do Espírito Santo; a orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus e a libertar-nos de nosso egoísmo, abrindo-nos à caridade de Cristo”. Imersos neste dinamismo espiritual, podemos ainda educar nosso modo de vida “através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração” (nº3).

A riqueza dos textos bíblicos dos cinco domingos da Quaresma, nos possibilitam “empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa”, o qual é apresentado harmoniosamente pelo Papa em sua reflexão e, numa síntese, pode ser assim orientado: “o primeiro domingo evidencia nossa condição de homens e é uma clara chamada a recordar a fé; o segundo a comunidade cristã toma consciência de ser conduzida para acolher de novo, em Cristo, o dom da Graça de Deus; o terceiro exprime a paixão de Deus por nós e suscita no nosso coração o desejo do dom do Espírito Santo; o quarto abre o nosso olhar interior para que nossa fé se torne mais profunda e no quinto, a comunidade cristã depõe com sinceridade toda a esperança em Jesus de Nazaré” (nº2).

No Domingo de Ramos iniciamos as comemorações da vitória de Jesus em Jerusalém, aclamado pela população, e o anúncio da Morte, com a leitura da paixão. As palmas, guardadas, lembram o triunfo definitivo do Salvador, e, com Ele, de todos nós. Na Quinta-feira Santa, pela manhã, o Bispo celebra a Missa do Crisma com seu presbitério.

À tarde, começa o Tríduo Pascal, ao reviver a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o cume de todo o ano litúrgico. Celebra-se a memória da Ceia do Senhor na qual a comunidade católica comemora a Instituição da Eucaristia e o Lava-pés, com eloquente apelo ao serviço da caridade, estimulado pelo Senhor, que “veio para não ser servido, mas para servir” (Mt 20,28).

A seguir vem a adoração ao Santíssimo Sacramento, como oportunidade de manifestar nossa fidelidade ao Mestre e de poder participar de seu sofrimento como esperança de vitória sobre o mal.

Na Sexta-feira Santa, quando “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7), segue-se a veneração da Cruz, que se impõe diante de nós, influenciando todo o nosso comportamento. A importância da penitência na vida do cristão é ininteligível num ambiente dessacralizado. A chamada adoração da Cruz marca uma linha divisória com esse mundo que busca o prazer como meta preferencial.

Antigamente, o caráter festivo da Ressurreição era antecipado para a manhã do sábado. Com a renovação litúrgica, todo esse dia, até ao pôr do sol, é reservado ao silêncio e à meditação. O túmulo continua fechado. “O percurso quaresmal encontra seu cumprimento (...) na Grande Vigília da Noite Santa. Renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida (...) e reconfirmamos o nosso compromisso em corresponder à ação da Graça” (nº2).

Sem dúvida, cada fiel, consciente de seu papel na sociedade, pode viver este momento como irradiador da Mensagem salvífica que há de ser valorizada cada vez mais em nossos dias. O cristão, portanto, como fermento, não pode assumir atitudes contrastantes com a santidade. Por sermos membros de Cristo, conforme a expressão de São Paulo: “Ele é a Cabeça da Igreja, que é seu corpo” (Cl 1,18), jamais poderemos negar as consequências práticas desse liame profundo.

A Semana Santa se assemelha a um retiro espiritual, no qual cada um examina seu procedimento, revigora sua opção por Cristo, feita no Batismo e tantas vezes renovada. Algumas indicações práticas para um comportamento cristão na Semana Santa, especialmente no Tríduo Sagrado, são importantes e necessárias.

A participação assídua aos ofícios litúrgicos nos enriquecem espiritualmente. Eles são de uma beleza espiritual rara. Integram o tempo penitencial e, para quem se encontra isolado, sem igreja nas proximidades, a leitura dos textos litúrgicos, que acompanham os ritos celebrados nos templos, deve servir para avivar sua piedade.

A confissão sacramental, enquanto purificação de nossas faltas abre as portas à Eucaristia, presença viva de Jesus, vitorioso sobre a morte. Ela é indispensável à vida cristã.

Por fim, o recolhimento interior e também exterior propiciam a participação nesse mistério de Morte que trouxe a Vida ao mundo. Somos convidados, através da Liturgia, a conhecermos mais os Mistérios divinos que celebramos e entrarmos neles com redobrado empenho. A Semana Santa é para nós tempo de Graça, fonte de Vida, salvação da Humanidade. 


quinta-feira, 29 de março de 2012

A Repulsa à Cruz de Cristo




Jorge Ferraz
(Deus lo vult)

 





                Recebi uma notícia segundo a qual uma igreja britânica decidiu retirar uma imagem de Cristo Crucificado da frente do templo, porque era desagradável aos fiéis - e “assustava as crianças”. Pelo que pude entender da reportagem, é uma igreja protestante; provavelmente anglicana.

A escultura (tem uma foto na reportagem linkada acima) é feia, mas não por ser uma “descrição horrenda da dor e do sofrimento”, e sim por ter sido feita numa arte moderna pela qual eu tenho uma natural repulsa. Não é tanto de causar tristeza a remoção da “obra de arte”, mas sim os motivos alegados para que ela fosse removida: o hedonismo do mundo moderno está contaminando até mesmo os cristãos, que não suportam mais pôr os olhos no Homem das Dores.

Ah, se eles soubessem que é precisamente a dor de Nosso Senhor que nos deve ser causa de santa alegria… se eles soubessem que “fomos curados graças às Suas chagas” (Is 53, 5)! Querer afastar a dor da vida é criar uma ilusão, porque nós vivemos - como rezamos na Salve Rainha - em um “Vale de Lágrimas”, e as tribulações não “desaparecem” quando nós fechamos os olhos e nos recusamos a vê-las. Devemos enfrentar os nossos sofrimentos e carregar as nossas cruzes; não fingir que elas não existem, porque existem, quer as aceitemos, quer não.

Ouvi certa vez alguém dizer que, no Calvário, havia três cruzes, para nos ensinar que todos sofrem: sofrem os inocentes, como Cristo, sofrem os pecadores penitentes, como São Dimas, e sofrem os que não aceitam o sofrimento, como “o Mau Ladrão” (Gesmas ou Gestas). É pouquíssimo provável que nós consigamos sofrer como inocentes, mas precisamos, no mínimo, aproveitar o nosso sofrimento para mais perfeitamente nos unirmos a Cristo Nosso Senhor, como São Dimas. O que não podemos, de nenhuma maneira, é sofrer como Gestas!

Dizer que o Crucificado assusta crianças é uma tremenda bobagem, somente concebível numa sociedade que tenciona, talvez, criar as suas crianças dentro de uma bolha cor-de-rosa onde o sofrimento não tem lugar. Quando, um dia, essas crianças forem confrontadas com “o mundo de verdade”, será então um grande choque; o mundo pode prometer uma vida sem sofrimentos, mas ele nada pode contra a palavra do Criador, que nos diz que, no mundo, havemos de ter aflições (cf. Jo 16, 33). Uma promessa de uma terra sem males é utópica e enganosa - a única esperança que podemos ter está precisamente na Cruz de Nosso Senhor, pois foi aí que Ele demonstrou o Seu amor por nós. Não com uma mentira reconfortante, mas com a verdade nua e crua, dolorosa, do Seu Divino Sangue se esvaindo, de Seus pés e mãos transpassados, da agonia do corpo exausto e ferido, dependurado à vista de todos, morrendo para que tivéssemos vida… Nós não queremos a falsa segurança de uma vida a salvo da morte, mas - ao contrário - a esperança de uma Vida apesar da morte. É disso que precisamos: da Verdade. A Cruz de Nosso Senhor nos traz à memória, de súbito, todo o cerne da mensagem de Salvação das Escrituras Sagradas: somos pecadores, Deus nos ama, temos esperança.

O mundo odeia a Cruz de Cristo… até onde pode ir um mundo que odeie o sofrimento? Como não perceber que uma concepção da vida que exclua a dor não vai poder produzir senão traumas e decepções, quando as pessoas se depararem - e fatalmente se depararão - com o mundo real? Busquemos o Crucificado, esforcemo-nos para estarmos sempre juntos de Nosso Senhor. E, junto com São Paulo, anunciemos com destemor “Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1, 23-24). 


quarta-feira, 28 de março de 2012

A Semana Santa

A Semana Santa nos faz reviver a paixão e a morte de Jesus. Não somos meros espectadores desse drama, centro de toda a história humana. Preparados pela Quaresma, ano após ano, nos é proposta uma verdade que o mundo procura, em vão, esquecer. Trata-se do sofrimento: sua importância e sua função na vida de cada um e da sociedade. Antes de tudo, devemos ao sacrifício do Justo por excelência todo o bem e cada momento feliz de nosso peregrinar no tempo.

Certamente muito difícil, contando com as forças naturais, aceitar a visão cristã da realidade. O ambiente que nos envolve está saturado de poderosos fatores que contrariam, formal e fortemente, os valores cristãos que nos vêm do Calvário. Assim, a busca, a qualquer preço, do prazer, da felicidade terrena, fascina o homem e serve de obstáculo à afirmação da identidade com Cristo, divulga-se mesmo uma visão distorcida de cristianismo onde a morte é a cessação de todo sofrimento terreno que nos é apresentada no Tríduo Sagrado da Semana Santa.


Importa valorizar a ascese, que nos une a Jesus padecente, com o objetivo de reprimir a desvairada aspiração ao gozo dos sentidos e meio de aperfeiçoamento de nossa vida espiritual.


Uma conseqüência imediata, por paradoxal que seja, é o encontro da alegria. São Paulo corrobora a afirmativa, com suas palavras aos Colossenses: "Alegro-me nos sofrimentos, suportados por vossa causa" (1,24).


Essa perspectiva muda profundamente nossa concepção da vida. Diante do natural desejo do bem-estar material - evitando ou curando as dores - surge a aceitação do sofrimento, que nos chega involuntariamente. Movidos pela graça de Deus, nós o acolhemos em espírito de fé. Tais ensinamentos nos vêm do drama que esses dias da Semana Santa nos recordam.


Além desses limites, nosso olhar se dilata. Devemos cumprir mais fielmente os deveres cristãos, para fortalecer nossa identidade com o Cristo sofredor. Ele veio nos remir do pecado e esta é a causa última dos padecimentos. Logo depois de criado, o homem estava isento de qualquer pena. Ao ferir a natureza em seu íntimo, introduziu a desordem que se revela na presença do sofrimento do nascer até a morte. Graças ao Salvador, obtivemos extraordinária possibilidade de transformar o fruto da desobediência a Deus em valioso instrumento de santificação.


A Semana Santa, especialmente o Tríduo Sagrado, cada ano nos ajuda a repensar nossa vida, a refletir sobre a dor, tendo diante dos olhos o drama do Calvário, e as últimas ações que levaram o Salvador à cruz.


Enquanto vivemos em um ambiente hedonista, premido pela infrene busca do prazer, pelo que nos pode proporcionar satisfação dos sentidos, as cerimônias litúrgicas ajudam a praticar essa verdade cristã: seguir os passos de Cristo sofredor, para acompanhá-lo nas alegrias da Ressurreição!


A 11 de fevereiro de 1984, o papa João Paulo II publicou uma Carta Apostólica denominada Salvifici doloris, sobre "O sentido cristão do sofrimento humano". Ela proporciona uma excelente leitura para esses dias, nos quais participamos da vida de Salvador padecente.


Entre outros benefícios, "oferece a possibilidade de reconstruir o bem no próprio sujeito que sofre" (Idem, nº 12). Impressiona na pregação do Mestre que ele não tenha ocultado as conseqüências dolorosas dos que a ele se consagram, ou simplesmente aderem à sua doutrina. Falou claramente: "Se alguém quer vir após mim (...) tome cada dia a sua cruz" (Lc 9,23). Previu muitas dificuldades aos que o seguissem: "Sereis arrastados diante dos tribunais e açoitados nas sinagogas, e comparecereis diante dos governadores e reis por minha causa, para dar testemunho de mim diante deles" (Mc 13,9).


Todo esse aspecto negativo, que fere nossa natureza, existe em função de algo extremamente elevado e útil, que ultrapassa toda a perspectiva natural, terrena: a dignificação do sofrimento.


Essas considerações e outras do mesmo gênero, devem estar em nossa mente, no coração de cada um de nós, nestes dias santificados pela celebração da paixão do Senhor. Vibramos com a entrada triunfal em Jerusalém. Logo adiante, sofremos com a prisão, a flagelação, a via crucis, a morte e exultamos com a ressurreição. Passa por nossa memória a fraqueza dos apóstolos, a coragem das mulheres ao pé da cruz, a arrogância de Herodes, a pusilanimidade de Pilatos, o ódio de grupos de judeus, os personagens da Via Sacra, a lucidez do centurião que descobre a divindade do condenado, a diferença entre ladrões igualmente crucificados... A grandeza dos indizíveis sofrimentos, em contraposição com os nossos pecados... Todo este cenário nos propicia uma profunda reflexão. Isto pode ser exatamente aplicado à vida espiritual, à fidelidade às determinações de Deus e da Igreja. Se não houver de nossa parte, como fiéis, uma decisão de seguir, não a própria vontade e tendências, mas as prescrições que o Magistério nos propõe, em nome de Deus, consideremos terem sido em vão, para nós, tanta dor e sofrimento. Cristo morreu por obediência. Obediência é a grande virtude da Semana Santa.


Ainda hoje há os que participam de suas dores, assistem às cerimônias, vivem o drama da paixão, no sábado se recolhem no silêncio da sepultura do Senhor. Enquanto isto, continuam muitos crucificando-o. Já Pascal dizia: "Jesus estará em agonia até ao final dos tempos".


E a cidade é o reflexo desses cristãos. Muda de aspecto ou continua como se nada houvesse acontecido.


Somos um "pequeno rebanho". No entanto, ele é o fermento que deve levedar toda a massa. Recordemos os últimos anos do papa João Paulo II. Deus permitiu que ele experimentasse o sofrimento e com dignidade o apresentou ao mundo.

Dom Eugenio Sales
Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro
Fonte: JB Online 
http://www.pastoralis.com.br

terça-feira, 27 de março de 2012

Fim da Quaresma - Ressurreição de Cristo

Em fevereiro de 1989, tive oportunidade de visitar Ravena com seus célebres mosaicos. Anteriormente, havia recebido de André Frossard a sua obra L'evangile selon Ravenne, na qual ele diz: "A arte está em Florença; o sonho, em Veneza; a glória, em Roma. Em seus flancos de argila, a água pura da contemplação está em Ravena" (pág. 9).

Entre duas reuniões, naquele ano, em Roma, houve um intervalo e aproveitei-o, motivado pelo livro do conhecido escritor francês.

Em dado momento, o sacerdote a quem o Arcebispo confiou a missão de explicar a extraordinária riqueza dos monumentos, despertou minha atenção para o fato de Cristo, repetidamente estar representado na cruz como vencedor. Em vez de derrotado pela morte infamante, que era a crucifixão, o artista nos faz contemplá-lo vitorioso! A glória da Ressurreição é vislumbrada nas feições de Jesus, no alto do Gólgota. Aliás, diz Frossard no seu citado livro: "Em todas as imagens desse resumo da Paixão, o Cristo, sempre revestido de Seu manto de púrpura..." (pág. 56).

Essa concepção reproduzida nos famosos mosaicos vindos do Oriente, sugere, durante a festa da Páscoa, que o Redentor, aparentemente vencido, sempre derrotará seus opositores. Tamanha certeza é de grande importância na vida de cada cristão que luta para viver sua fé, seguindo sempre a trajetória da Igreja, através dos séculos. Houve momentos no decorrer da História, em que parecia se repetir o drama da condenação e da morte do Salvador. Constituindo a Comunidade Cristã, Corpo Místico de Cristo, torna-se também bastante compreensível a sua participação nos sofrimentos do Senhor.

Em certas épocas, o mal pareceu vencer definitivamente, ora pelas falhas internas, ora pelos ataques vindos de fora. Em um e outro caso, era o pecado que dominava. Contudo, ao Gólgota, quando se poderia concluir ser um fracasso todo o esforço imenso para salvar a humanidade, se seguiu o Domingo da Ressurreição!

Assim, também ocorre em nossos dias, com a Igreja de Jesus. É essa garantia de sobrevivência no tempo, que acompanha seus passos, sempre superando os opositores que acreditavam ter sepultado para sempre sua doutrina que os incomodava. Isto é de grande importância também em nossos dias.

O Domingo da Ressurreição e, em decorrência, todo o tempo pascal, constituem o fundamento de uma certeza que é a base de toda a vida cristã. Já São Paulo dizia: "Se Cristo não ressuscitou, vã é a vossa fé" (1Cor 15,14).

Neste tempo, agitado por tantas mudanças e alterações inesperadas, há, em meio à tempestade, total segurança à barca de Pedro na qual nos encontramos. O próprio Mestre, no intervalo entre a Morte e a Ascensão, adverte seus discípulos sobre as dificuldades que irão enfrentar, dando continuidade ao que foi começado por Jesus. Já, então eles provaram o amargor do fracasso: "Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam" (Jo 21,3). E também experimentaram o sucesso na pregação do Reino de Deus: "Disse-lhes (Jesus): Lançai a rede à direita do barco e achareis. Lançaram, então, e não tinham mais forças para puxá-la por causa da quantidade de peixes" (Jo 21,6).

Vê-se, assim, a garantia de que não andaremos por caminho errado ao confiar a Pedro a direção de sua obra: "Apascenta os meus cordeiros (...) apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). É a segurança divina que se empenha pela sobrevivência do rebanho, até o final dos tempos.

Apliquemos à nossa realidade esse ensinamento evangélico. Numa cidade onde impera a violência, é impossível impedir que o inocente seja vilipendiado e morto. E esse drama acontece entre nós, com os crimes contra a vida do corpo e da alma. Vemos, dia-a-dia, aumentar o número de assassinatos, de assaltos, o comércio das drogas, a imoralidade, o agravo às coisas sagradas.

No mundo inteiro, recordo, especialmente entre certos intelectuais, houve revolta contra o aiatolá Khomeini, pelo modo como reagiu contra o escritor Salman Rushdie em razão da obra Versos satânicos. Entretanto, poucos reconheceram que também é condenável a atitude de irreverência e ultraje à crença dos muçulmanos. O estímulo ao assassinato do autor daquela obra mereceu firme oposição de todas as pessoas de bem, mas que também deveriam ter reprovado a ofensa a determinados símbolos sagrados de qualquer religião. Tal incoerência também ocorre aqui, no Brasil, sob outros títulos.

A decomposição moral passa do indivíduo à sociedade. A divulgação de tantos escândalos na vida pública, os funcionários fantasmas, o nepotismo, a busca, a qualquer preço, de favores materiais atestam o grau de degenerescência a que chegamos.

Naturalmente, o pessimismo apodera-se da maioria, com suas conseqüências. O mais elementar bom senso indica que, entre nós, o remédio verdadeiro se impõe. Ouçamos o Senhor neste fim da Quaresma: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). A conversão deve ser ampla e radical, atingindo cada indivíduo para que a sociedade se transforme e surja um novo mundo mais humano e mais cristão. Cristo ressuscitou!

São Paulo nos diz, em muitas mensagens, que a vitória de Cristo sobre a morte é manifestação do "poder de Deus" (Rm 1,4). Diante das mais variadas manifestações conseqüência do pecado, conservamos a certeza de poder superar o mal. Com humildade e paciência, conseguiremos o perdão que a Igreja propicia a quem se arrepende. Ela continua a ensinar sua doutrina, antepondo-se ao ambiente malsão que nos envolve. Sua trajetória vai muito além, assegurando nova alegria em vista da força espiritual que procede do Cristo ressuscitado!

O Domingo de Páscoa aponta novos rumos aos seus fiéis e a todos os homens. Ressurgindo do túmulo, Cristo leva consigo a humanidade. Deixando para trás o opróbrio, cantemos com júbilo essa vitória, na certeza de melhores dias.

Cardeal Dom Eugenio Sales
Arcebispo Emérito de São Sebastião do Rio de Janeiro
Fonte: JB Online

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ministério Universidades Renovadas realiza missão em Cabeceiras


O Ministério Universidades Renovadas do movimento Renovação Carismáticas Católicas de Teresina-PI,realizou durante todo o dia deste sábado 24/03 uma ação missionária na cidade de Cabeceiras do Piauí.
A missão teve inicio com visitas a bairros da cidade, onde a palavra de Deus foi anunciada às famílias. Os missionários levaram a Boa Nova de Jesus e o Amor de Deus a cada um dos moradores que acolheram os jovens. Os missionários se dividiram em duplas e seguiram para evangelizar.
No período da noite aconteceu um momento de louvor, oração, adoração e experiência com o amor de Deus na Igreja Matriz de São Jose, esse momento foi marcado por muita animação e oração. Para finalizar a noite foi organizado um bingo bíblico, em que as pessoas que compareceram ao encontro, respondiam perguntas bíblicas a cada pedra chamada. E ganharam prêmios,com uma bíblia...
Frei Luis Gomes (OFMconv) padre da paróquia de São Jose conduziu um momento com a benção do Santíssimo sacramento fechando com chave de ouro o dia.
No domingo 25/03 os missionários passaram o dia com os jovens que irão receber o sacramento do crisma no dia 20/05, o encontro foi realizado no Centro de Formação e Animação Missionária João Paulo II (CEFAMI).

Texto e fotos: Ministeirio Universidades Renovadas, RCC Piauí.














































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