domingo, 29 de janeiro de 2012
Entendendo melhor à liturgia - 3ª parte
– A LITURGIA NOS DOCUMENTOS DA IGREJA
1 – O Sacrosanctum Concilium
Introdução
O Sacrosanctum Concilium tem o seu modo característico de tratar o discurso sobre liturgia. O argumento litúrgico não aparece como a conclusão de um discurso sobre a natureza do culto sob o aspecto genericamente religioso, e sobre as formas da sua atuação. Ao abandonar este método de reflexão, até então seguido de forma geral, o Sacrosanctum Concilium situa a liturgia no contexto da revelação, como “história de salvação”. A obra da salvação, continuada pela Igreja, se realiza na liturgia (cf. SC n.6). Desta forma a liturgia se apresenta como verdadeira “tradição”, ou seja, transmissão do mistério salvífico de Cristo através de um rito, de
uma forma sempre nova e adequada à sucessão dos tempos e à diversidade de lugares. As que denominamos “tradições” litúrgicas são consideradas da forma que realmente são: interpretações
do rito, condicionadas, ao menos em parte, pelo tempo e lugar que surgiram. Desta consideração resultam a legitimidade e a necessidade da atualização litúrgica.
Se a Igreja tem a obrigação de conduzir os homens de todos os tempos à salvação, isto
implica a capacidade de a própria Igreja aceitar e adaptar-se às mutações da história.
A visão “estático-jurídica” é superada, direcionando a liturgia para uma perspectiva dinâmico-teológica: a liturgia é considerada sobretudo como a própria ação de Cristo no seu Corpo que é a Igreja (SC n.7). Cristo é o agente principal no rito e com o rito. Volta-se assim à linha original da liturgia, que é sacramental e que continua o mistério de Cristo na forma de mistério cultual.
O Sacrosanctum Concilium se posiciona decididamente num plano teológico. O interesse do documento se concentra não nos ritos em si, mas no conteúdo de fé que eles devem exprimir. Pela primeira vez um Concílio enquadrou as liturgia numa perspectiva estritamente teológica e a resgatou de um simples e limitado ritualismo.
O SC foi aprovada na aula conciliar do dia 4 de dezembro de 1963. Foi o primeiro
documento promulgado pelo Vaticano II.
1 - Objetivos da Reforma
Os objetivos desta reforma litúrgica estão na introdução do documento:
a)Fomentar mais a vida cristã entre os fiéis.
b)Acomodar melhor às necessidades de nossa época as instituições que são suscetíveis
de mudanças.
c)Favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que crêem em Cristo.
d)Promover tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja.
2 - Os princípios da renovação litúrgica do Vaticano II
a) O princípio da participação ativa, plena e consciente do povo.
As leis litúrgicas e a própria construção das igrejas foram criando a separação entre o clero e o povo na liturgia.
Nada menos que 25 números do SC falam da necessidade de participação dos fiéis na liturgia (11, 12, 14, 18, 19, 21, 27, 30, 31, 33, 41, 48, 50, 53, 54, 55, 59, 79, 100, 113, 118, 121, 124). Nesses números se fala da participação ativa e frutuosa, consciente, plena, fácil, piedosa interna e externa. Se fala também do dever dos pastores de almas de promover a participação.
b) O princípio da natureza comunitária da liturgia.A natureza da Igreja é ser comunidade. A liturgia é uma ação da Igreja. A assembléia litúrgica é a reunião dos irmãos da mesma comunidade. Os irmãos reunidos em liturgia manifestam de maneira mais concreta e visível a comunidade que eles formam (SC 26,27).
c) O princípio da descentralização na liturgia.
Tudo depende de Roma. Agora o documento diz que o bispo possui autoridade e é o primeiro responsável pela liturgia na sua diocese. O documento também autoriza as Conferências episcopais dispor sobre assuntos de liturgia. Só que faz um alerta para que ninguém, mesmo sacerdote, acrescente, mude ou tire por própria conta alguma coisa da liturgia (SC 22,44).
d) O princípio da adaptação da liturgia.
Tudo dependia de Roma e por isso estava tudo determinado, uniformizado. O número 37 fala da adaptação, mas este item será mais desenvolvido adiante.
A liturgia deixa de ser uma mera execução de um formulário. Ela deverá ser uma contínua celebração adaptada ao povo.
e) O princípio de fidelidade à tradição.
Adaptar não significa desprezar a tradição. Conhecer cada parte da liturgia que vai ser reformada (SC 23).
Obs: (Este texto faz parte de um curso litúrgico. Em breve publicaremos a sequência.)
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