sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Entendendo melhor à liturgia - 2ª parte


II – DEFINIÇÃO DE LITURGIA


Desde o início do movimento litúrgico (1909) até os nossos dias, a maioria dos autores de manuais tem-se esforçado por dar uma definição de liturgia que resuma em breves palavras a sua natureza e caracteres essenciais. Tarefa tanto mais difícil quanto a liturgia é uma realidade viva, rica e uma ao mesmo tempo; não se compreende a liturgia senão tomando parte nela; dificilmente se deixa encerrar em conceitos: é por isso que ainda nenhuma das definições dadas pareceu satisfatória.
Toda a AÇÃO a favor da vida é LITURGIA, no sentido amplo da Palavra. É participação no serviço libertador de Jesus. Sendo isto Liturgia, será preciso ainda CELEBRAR? Não basta apenas AGIR, lutar a favor da vida para sermos seguidores de Jesus e coerentes com seu evangelho, cuja lei é o AMOR?
O que é mesmo a Liturgia – celebração?  Qual sua importância para a Liturgia-vida?
Celebrar é uma ação comunitária, festiva que tem a ver com tornar célebre, importante, inesquecível, é destacar do cotidiano, é ressaltar o significado, o sentido profundo que um acontecimento ou pessoa tem para um determinado grupo.
Todos temos necessidade vital de celebrar, assim como temos necessidade de pensar, de agir, de nos relacionar, de comer e beber... Como seres humanos, somos essencialmente celebrantes. Em todos os tempos e variadas culturas, os povos encontram
momentos e formas diversas de celebrar para expressar e aprofundar o sentido da vida.
Para celebrar usamos gestos, ações simbólicas, ritos e Palavras que expressam o que pensamos, o que acreditamos, o que desejamos, o que esperamos, o que amamos ou rejeitamos... enfim, a visão que temos da pessoa, do mundo, da sociedade, de Deus... nossas crenças, nossas convicções, nossa identidade como grupo, como povo... É só pensar nos símbolos, gestos, ritos e Palavras que usamos num carnaval, numa festa de aniversário, de casamento, numa Folia de Reis, num batizado.
Na caminhada de fé do povo da Bíblia, encontramos muitos momentos celebrativos. Ao celebrar, o povo de Israel fazia memória das ações que Deus realizara em seu favor no passado, as reconhecia no presente e alimentava a certeza de sua fidelidade no
futuro.
O próprio Jesus quis tornar célebre, inesquecível todo o seu trabalho a favor da humanidade. Ele expressou com a ação simbólica de uma refeição, a CEIA PASCAL, o significado profundo de toda sua vida e missão: “sua Liturgia-vida”.
Ele antecipou com um rito, a doação de sua vida na cruz, preparou-se e preparou seus discípulos para viverem a HORA de entrega e de amor sem limites.
A Liturgia-celebração e a Liturgia-vida foram inseparáveis na vida do povo de Deus, na vida de Jesus, na vida dos primeiros cristãos, assim como devem ser inseparáveis na vida de nossas comunidades.
Celebrar a Liturgia é, portanto, expressar com gestos, símbolos e palavras a Liturgia-vida; é tornar célebre, inesquecível a ação que o Pai realizou em Jesus e através dele a toda a humanidade e continua hoje, em nós e através de nós e de todos que aderem
ao projeto do Reino pela força e animação de seu Espírito.


Obs: (Este texto faz parte de um curso litúrgico. Em breve publicaremos a sequência.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário