Em nossos dias, tão incertos e
arriscados, as pessoas tendem a se isolar em suas casas, relacionando-se
cada vez menos com parentes ou vizinhos.
Embora estejamos cercados de pessoas,
quase todo mundo vive numa triste solidão... E tal situação torna- se
especialmente dolorosa quando se é acometido por alguma moléstia, em
muitos casos requerendo internação hospitalar demorada. Carece o doente,
nessa emergência, de um pouco de alento, de uma palavra amiga. Praticar
a caridade efetiva e afetiva em relação a esses irmãos, nessas
condições, é obra decerto muito necessária e meritória.
Motivados pela caridade, na tarde do dia 04/04 quarta-feira santa, foi celebrada uma missa para os enfermos na capelinha de São José, onde foi ministrada a unção dos enfermos. Graças a pessoas de boa vontade, que foram ate as casas acompanha-los, varios idosos e enfermos poderam ter a graça de participar do banquete Eucaristico.
“Com
a sagrada unção dos enfermos e a oração dos presbíteros, toda a
Igreja recomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado, para que
ele os alivie e salve, e exorta-os a unirem-se livremente à paixão e
morte de Cristo, e a contribuírem assim para o bem do Povo de
Deus” (Lumen Gentium 11; Catecismo, 1499). A doença faz parte da vida, mas é
sempre uma experiência dolorosa: ela nos enfraquece, baixa nosso
moral e nos revela sempre de novo nossa impotência, nossos limites e
a fragilidade de nossa vida. Em certo sentido, toda doença nos
coloca diante da possibilidade e da realidade da morte. E há tantos
modos de enfrentar a doença: pode-se vivê-la com amargura, com revolta,
com espírito derrotista ou, pode-se vivê-la como uma ocasião de
amadurecimento, de reflexão sobre a vida e, para um cristão, a
doença pode aparecer como um modo de participar da paixão do Senhor
em benefício de toda a Igreja e da humanidade.
Aqui entra o Sacramento da Unção: o óleo é símbolo da
graça do Espírito Santo, Espírito de força e de consolação (ele é o
Paráclito, Consolador). Este Espírito é o Espírito do Cristo morto
e ressuscitado. Pois bem, ele dá ao enfermo a força e a graça de
fazer de sua doença um modo de participar da paixão do Senhor.
Assim, a Unção dos Enfermos é um sacramento que nos une à Páscoa do
Senhor, como já dizia São Paulo: “Agora eu me regozijo nos meus
sofrimentos por vós, e completo na minha carne, o que falta das
tribulações de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
“Cristo será engrandecido no meu corpo, pela vida ou pela morte.
Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,20s). “Fui
crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo
que vive em mim” (Gl 19b-20a). Desse modo, a doença é vivida
pelo paciente com um sentido positivo, pascal, salvífico: um modo
privilegiado de participar da paixão e cruz do Senhor, para com ele
chegar à glória da ressurreição. Triste na vida não é sofrer, mas
sofrer sem ver um sentido nesse sofrimento. O Sacramento da Unção
dá um sentido cristológico, um sentido positivo à doença e à dor. A
debilidade humana é, assim, transfigurada em Cristo, assumindo um
aspecto de força na fraqueza e dando ao enfermo a tranqüila
serenidade de quem sabe que seu calvário terminará na ressurreição.
Ainda mais: o sacramento une o fiel sofredor à Igreja, já que ele
completa em seu corpo o que faltou das tribulações de Cristo em
benefício do seu corpo, que é a Igreja (cf. Cl 1,24).
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