Maria
 é modelo de animação vocacional. Com ela aprendemos a realizar um 
serviço em prol das vocações e ministérios na escuta da Palavra e 
abertos à ação do Espírito Santo. Sua gestação não se reduz a dimensão 
física, mas é uma gravidez espiritual que assinala os novos filhos que 
geramos no seio da comunidade eclesial quando promovemos as vocações e 
ministérios suscitadas pelo Espírito.
A
 animação vocacional tem uma forte dimensão mariana que não se resume em
 apresentar a jovem Virgem de Nazaré como modelo de vocação, mas 
sobretudo porque ela nos inspira na realização desta missão. Maria é o 
melhor referencial para o serviço vocacional que desenvolvemos nas 
comunidades. 
O
 serviço de animação vocacional é uma extensão da maternidade espiritual
 da Igreja. Quando atraímos, acolhemos, despertamos e acompanhamos os 
vocacionados, reafirmamos, que o batismo é fonte das vocações e 
enriquecemos a comunidade eclesial. 
A
 jovem vocacionada de Nazaré é símbolo da humanidade chamada à comunhão 
com Deus, mediante a abertura ao Espírito que produz vida e ilumina o 
caminho dos vocacionados. Maria é imagem do serviço de animação 
vocacional que nos convoca a busca da santidade a qual se concretiza na 
plena adesão a proposta de Jesus Cristo. Ela nos precede na confiança ao
 Senhor e na entrega total da vida. Recordamos que a primeira missão da 
animação vocacional não é a promoção das vocações específicas, mas dar 
testemunho de santidade a qual todos somos chamados. A animação 
vocacional ajuda os vocacionados e os animadores vocacionais a 
reconhecerem a ação silenciosa do Pai, que mediante o Espírito Santo nos
 chama a uma vida de comunhão com Ele.
A
 figura de Maria, e também de José seu esposo, são modelos para os 
vocacionados e animadores vocacionais. Eles experimentaram cada etapa do
 itinerário vocacional. Foram despertados pelo anjo, tiveram seu momento
 de discernimento, cultivo e acompanhamento. Viveram com intensidade, à 
luz do Espírito, cada fase do processo vocacional. Ambos se colocaram 
como instrumentos nas mãos de Deus e nos ensinaram que a vocação é 
serviço e missão. Podemos afirmar que nosso serviço de animação 
vocacional tem algo que recorda o jeito de Maria. Ele ajuda os 
vocacionados a escutar e a responder com a mesma generosidade o chamado 
de Deus, a assumir uma vocação específica, cientes que a meta última é 
cumprir a vontade do Pai e chegar à santidade.
O
 testemunho de Maria e José ilumina os vocacionados e aponta para uma 
animação vocacional servidora e missionária. Com eles aprendemos o valor
 do silêncio, o significado da humildade, a disponibilidade da resposta,
 a coragem do êxodo, a capacidade de meditar os desígnios de Deus e a 
ousadia da fé que nos sustenta de pé diante da cruz e das contradições. 
Também destacamos a presença de Maria na comunidade dos discípulos. 
Deste modo, assinalamos a importância de uma animação vocacional 
inserida e integrada na comunidade, unida na mesma fé, partilhando as 
mesmas esperanças e vivendo em comunhão que se manifesta na sintonia com
 os demais grupos eclesiais.
O
 anjo Gabriel, na sua função de animador vocacional, nos confirma a 
importância do diálogo vocacional. Ele apresentou a proposta de Deus a 
Maria e esclareceu as inquietudes de José. Percebemos que a vocação 
jamais aparece na forma de um imperativo. É sempre iniciativa divina 
apresentada de maneira dialogada. Não há espaço para imposições, 
pressões ou condicionamentos. A vocação é uma proposta aberta e 
respeitosa, que pode acontecer no templo, como foi o caso de Zacarias, 
ou no aconchego da humilde casa da vocacionada de Nazaré. Trata-se de um
 diálogo espontâneo, sincero e honesto entre vocacionados e animadores 
vocacionais, que se amplia na abertura do serviço vocacional a 
comunidade eclesial nas suas diversas expressões. 
Com
 Maria, também aprendemos que o chamado vocacional implica uma missão. 
Ela, mesmo grávida, fez sua primeira viagem missionária levando o Cristo
 até a casa de Zacarias e Isabel e nos ensinou que vocação é serviço e 
missão solidária. Maria assinala para uma animação vocacional atenta as 
necessidades das pessoas, servidora e missionária. Um serviço 
evangelizador e vocacional aberto a outras realidades sem descuidar de 
promover todas as vocações e ministérios.
O
 perfil de vocacionada, que descobrimos nos evangelhos é de uma mulher 
socialmente pobre, que deu à luz a seu filho numa manjedoura. Esta é a 
mesma situação social de muitos vocacionados latino-americanos. Porém, 
percebemos que Maria era uma vocacionada com muita fé e sensibilidade 
social. No Magnifica, vemos aflorar sua consciência crítica. Ela não 
canta apenas as maravilhas do Senhor, mas a reviravolta que Deus fez na 
história de Israel. Neste sentido, Maria aponta para uma animação 
vocacional com acentuada sensibilidade social e comprometida com os 
empobrecidos. Um serviço vocacional crítico, atento as necessidades da 
comunidade e da Igreja. Com Maria aprendemos a cantar a fé, a reconhecer
 as reviravoltas da história e a vibrar com as maravilhas de Deus a 
favor de seu povo. Na prática, isso significa que os animadores 
vocacionais não são pessoas que se preocupam apenas com a promoção das 
vocações e ministérios. Somos chamados a denunciar as injustiças e a 
promover a vida que também é vocação.
Na
 primeira cena mariana do quarto evangelho, vemos a Mãe de Jesus 
participando da festa das bodas de Caná com o seu Filho e os discípulos.
 Esta passagem aponta para uma animação vocacional “festeira”, que 
participa da vida da comunidade onde está inserida e atenta as 
necessidades dos vocacionados. Um serviço vocacional de olhos abertos à 
realidade dos vocacionados que tem sede do vinho novo oferecido por 
Jesus. Este “vinho bom” simboliza a espiritualidade entusiasta e 
corajosa dos animadores vocacionais que atraem, com seu testemunho de 
vida evangélica, novos vocacionados para a festa da vida. 
A
 reflexão dos textos marianos do Novo Testamento nos ajuda a compor o 
“retrato vocacional” de Maria com seu rosto de “mulher” que gerou o 
Filho de Deus. Está “mulher” nos convida a realizar um serviço simples, 
profundo e eficaz na geração de novos vocacionados, discípulos e 
missionários do Senhor. Dela, recebemos Jesus que nos conduz ao Pai. 
Maria é Mãe do Senhor e nossa Mãe pela qual nos chega a graça da vocação
 e a obra misericordiosa da salvação. Ela é toda de Deus, mas é também 
de cada vocacionado. Maria trás Deus aos vocacionados e nos eleva até o 
autor da vocação. 
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Fonte: Texto não assinado
Paróquia Nossa Senhora das Graças
(GraçaHog online)